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La Damme des sens voix

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Mensagem por Jornal Extra Ter 8 Abr 2008 - 21:54

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Chama-se Rosalina, é natural da capital do móvel, Paços de Ferreira e aos sete anos emigrou com pais e irmãos para a Suiça. Casou-se. Teve duas filhas. Considera que viajar é a maior escola e transformou-se uma cidadã do mundo observadora e reivindicativa nas causas alheias dos injustiçados. Já assim foi na Suiça. De tal modo Rosalina fez erguer a sua voz desmontando situações de quem não era capaz de agir em causa própria. Na comunidade, por voluntariedade e altruismo, os suiços dos organismos oficiais de Genéve, onde viveu mais de vinte anos, chamaram-lhe La Damme du sens voix". Em Almada Rosalina será uma das cidadãs mais atentas, e actuantes, às aberrantes assimetrias e coisas ditas feitas mas por acabar que verifica nas obras do Metro de superfície.


Ela fez parar o comboio e repreendeu o ministro


Mantém-se em contacto com engenheiros e autarcas e não lhe escapam, sem interferir, os erros que percorrendo locais vai encontrando. E num arrevezado sotaque francês Rosalina de Freitas refere: "é assim o meu feitio. Aprendi com o meu pai, que era construtor, que o que está mal tem de se dizer e fazer corrigir" Por isso Rosalina não cala os erros graves que vê nas obras. Locais sem passadeiras. Zonas de peões que são estacionamento. Garagens onde os donos não podem estacionar. Fios descarnados em perigo eminente.


Fala com engenheiros e autarcas mas as coisas continuam mal


Vedações em risco de tombar em cima de transeúntes. Obras que se fazem e desmancham alterando planos aos quais ninguém se opõe. No Pragal há zonas verdes sacrificadas que ninguém sabe porquê. Nem os engenheiros da obra. Nem estava no plano. As criticas de Rosalina, que afinal é porta voz dos que não "sabem" falar, não são bem aceites. Já houve um engenheiro que, reconhecendo os erros, justifica:

"bom, mas tenho de justificar o meu ordenado..."

Rosalina é uma mulher frontal. Por isso no dia da viagem inaugural do Metro, fê-lo parar e disse ao ministro o que ninguém tivera coragem de dizer. Até lhe falou naquela de ser a Margem Sul um deserto...

E o comboio parou.

Rosalina meteu-se no meio da linha. De frente para o comboio. E depois esperou que abrissem a porta e falou:

"O modo de trabalhar que observo nos responsáveis nestas obras não me parece correcto porque há muitas falhas. Coisas erradas que ninguém corrige. Até situações perigosas. Sempre andei metida em obras . E sei o que estou a dizer. Acho que deviam ouvir-me ".


Impedidos de recolher em garagem própria


De obras Rosalina percebe porque acompanhava o pai industrial de construção e ajudava-o.

A desenvoltura nos contactos ficou-lhe do tempo em que, ainda solteira, foi jornalista numa empresa americana radicada na Europa. Aí aguçou o seu sentido crítico.

"Fiquei de me encontrar com um jornalista do Correio da Manhã no dia da inauguração, em Corroios. Mas alterei os planos. A minha intuição tocou-me. Surpreendidos resistiram até abrir a carruagem. Mas eu estava decidida a não arredar pé sem falar com o ministro. Critiquei-o por ter dito que isto era um deserto. E disse-lhe que não bastava porem uma carruagem inaugural sobre os carris. Referi-lhe os graves problemas de segurança em redor para quem circule e a urgência de os resolver."


E o respeito pelos cidadãos onde está?


“O engenheiro responsável, Marco Aurélio, com quem falo com frequencia também vinha no comboio. Desde Julho ultimo que ando atrás deles referindo o que estava mal. Não deram atenção. O perigo continuava.

Depois disso levei o Marco Aurélio aos locais que lhe referi. Começámos na Ponte, à beira da Estação do Pragal e até à Av. 23 de Julho ele verificou: faltam parafusos; faltam protecções; há fios descarnados com pontas a sair. Na Rotunda da junção com a 23 de Julho havia irregularidades até no modo como estão a ser sustentadas as terras; na Ramalha há candeeiros de fixação duvidosa e a abanar. Os sentidos de transito foram interrompidos e não há paineis avisadores a quem sobe ou desce. Até os moradores foram desrespeitados no direito de circulação e estacionamento sem alternativa.

O próprio impedimento de acesso às garagens levou alguns moradores a queixas no Tribunal.

Faltam passadeiras de protecção aos peões e a zona pedonal construida, já com plantas virou estacionamento e os peões não circulam. O escoamento de águas pluviais está mal calculado e já houve aluimento de terras de um espaço ajardinado que cedeu depois da colocação de plantas.”

Debaixo da ponte da Ramalha foi aberto um buraco que por mal calculado, ou furação de algum cano fez rebentar uma conduta e permaneceu jorrando água seguida de forte caudal, às quatro da manhã. Vinte e quatro horas depois, para seu espanto, não havia qualquer placa e a água continuou a jorrar até os SMAS actuarem.

Depois de uma conversa que foi longa, com um role de irregularidades que se propôs mostrar-nos, concluiu:

"Afinal quando eu sai de Portugal estavamos em ditadura. Então e agora, estamos como ?... A situação parece-me pior do que nessa altura apesar de repetirem que se vive em democracia. Então e o respeito pelos direitos dos cidadãos onde está?"



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Edição n.º 25 (2ª Quinzena de Fevereiro de 2008) do Jornal Extra
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